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Violeiros da Paulistânia - uma nova abordagem no estudo da viola caipira

Por Ruth Rubbo - 21/12/2023

O CTC Atibaia desenvolve desde 2015 a conscientização dos nossos valores culturais através da música, da dança, oficinas e um sério trabalho de pesquisa acerca dos nossos saberes e práticas. Isso promove não só o tesouro cultural herdado de nossa ancestralidade como também a consciência cidadã, tão importante quando nos lançamos na seara da resistência cultural.

Com isso preparamos ao longo de 2023, o nosso mais novo projeto que aborda um novo olhar quando o assunto é viola caipira e tudo o que envolve o seu aprendizado e prática. O que mais caracteriza a cultura caipira é o seu perfil agregador. A generosidade é o seu principal fio condutor nas relações interpessoais, sendo seus saberes e práticas compartilhados sempre de forma amorosa e acolhedora.

Dentro dessas considerações, e seguindo o seu propósito de defesa e fomento da Cultura Caipira, o Centro de Tradições Caipiras de Atibaia promove desde agosto último, rodas de viola com violeiros “avulsos” (que não pertencem a qualquer grupo ou proposta musical da cidade de Atibaia e região) no intuito de em conjunto, estudar a viola caipira e um repertório exclusivamente raiz. O projeto não é um novo grupo de violeiros, ou uma “orquestra de violas”, mas sim um agrupamento de pessoas com um único propósito: levar adiante um repertório com a nossa própria linguagem – a caipira.

Ali não há a figura do “líder” ou “regente” ou “maestro”. Todos estão num mesmo patamar de ensino/aprendizado e importância. Todos têm o seu lugar de fala. Cada um trazendo suas próprias experiências e linguagens oriundas de um país chamado “Caipira” ou  “Paulistânia”. Essa bagagem cultural que cada violeiro traz em si é respeitada, acolhida e como ocorre em qualquer cultura viva, praticada e apresentada com reverência e muito respeito.

Nessas rodas de viola também não há “pastas”. Vício recorrente de muitos violeiros que sem ela não conseguem emitir qualquer som em suas violas.

A proposta com todos esses detalhes mencionados foi apresentada já no primeiro encontro e, por seu perfil inédito e profundamente acolhedor, foi recebida com entusiasmo por todos os violeiros participantes.

Desse modo, nasce em Atibaia, uma proposta que, para além da defesa da música verdadeiramente caipira, promove o aprendizado em comum, o acolhimento e os saberes e práticas caipiras. Nessas rodas de viola, todos são mestres pois carregam a ancestralidade caipira dentro de si. Ao mesmo tempo todos são aprendizes. De si mesmo e da experiência do outro que, por se tratar de uma cultura popular há sempre o que se dar e sempre o que se receber, numa rica fluidez de aprendizado e experiências mútuas.   

Que reverbere essa boa nova e que este projeto sirva de inspiração para tantos outros violeiros. E viva a Cultura Caipira!

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