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CAIPIRA, PIRA, PORA
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Segundo Silveira Bueno, jornalista, lexicógrafo, filólogo, ensaísta e tradutor nascido em Atibaia, a palavra caipira é a contração das palavras tupis caa (mato) e pir (que corta), ou “cortador do mato”. Mais que um vocábulo, CAIPIRA, designa uma cultura forjada há séculos a partir dos povos nativos do Brasil e dos portugueses que chegaram à essas terras desde o século XVI. Indo mais adiante: o termo reflete a um modo de ser, pensar e definir o mundo. Dialeto, música, culinária, crenças.
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Tudo isso é pra dizer pro sinhô e pra sinhora que o termo não é pra ser usado de forma pejorativa. Ao contrário, as práticas e sabedorias caipiras são verdadeiro tesouro preservado há gerações, que deve ser guardado e resguardado com toda a atenção e zelo desse mundo. O que dizer do som da viola caipira (e caipira com muito orgulho), que só num resvalo já nos leva às lembranças das prosas na beira do fogão de lenha? E por falar em fogão, o de lenha, tem comida mais gostosa que a feita no estalar da lenha e fumaça envolvendo o feijão virado e o franguinho? Isso sem falar no caipirês, dialeto falado com desenvoltura por estas bandas. E vocês sabiam que a palavra CAIPIRA e tudo o que deriva dela só existe por estas terras de São Paulo, Minas, Paraná, Goiás, Mato Grosso e em mais nenhum lugar do mundo? É! Somos exclusivos 😊
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Por isso:
Fale - falar em caipirês não é errado, não! É só um jeito diferenciado de dizer as coisas;
Cante – o repertório é vasto, tem um mundão de moda (moda mesmo) boa pra cantar (ou cantá);
Pratique – ser caipira é estar conectado ao cantar dos passarinhos, nas folhas (fôia) das árvores (árvre) balançando (balangando) ao vento, na água do riachinho (córguinho) batendo nas pedras. É ser solidário, é ter empatia, ter fé em Deus, cuidar da família (famía). É trabalhar duro, sem murmurar. É conhecer os segredos do tempo, da chuva, da lua e do sol (sór).
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Então, vamos fazer a combinação - use a palavra CAIPIRA sem moderação 😉
"...A foia seca do ramo cai
O vento leva, num vorta mais
E o corguinho corre, corre sem parar
Vai carregando as foia seca para o mar..."
(trecho de Folha Seca, de Zé Fortuna e Pitangueira)
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p/ Ruth Rubbo, fevereiro/2023
Ruth Rubbo
Há mais de quinze anos atua em gestão/produção cultural. Filha, neta e bisneta da cultura caipira paulista, sua grande paixão. Violeira, é autora de diversos projetos culturais com foco na defesa e fomento de nossas raízes identitárias.
Membro da Comissão Paulista de Folclore.
Fundadora do Centro de Tradições Caipiras de Atibaia